Por que uma bomba atômica não pode deter um furacão como o Melissa
O furacão Melissa, que se intensificou rapidamente entre os dias 25 e 26 de outubro, está previsto para atingir o Caribe como um dos mais fortes eventos meteorológicos recentes. Especialistas alertam para os perigos que a tempestade traz, especialmente para a Jamaica e o sul do Haiti, com ventos superiores a 250 km/h, chuvas intensas e elevação crítica do nível do mar.
Há um questionamento comum sobre a possibilidade de usar uma bomba atômica para neutralizar um furacão, explodindo-o antes que alcance a costa. Entretanto, essa ideia enfrenta barreiras físicas importantes e riscos ambientais severos.
Segundo a NOAA, agência americana para oceanos e atmosfera, o desafio principal está na imensa quantidade de energia envolvida nesses fenômenos. Embora uma arma nuclear libere energia significativa, um furacão plenamente formado emite quantidade térmica equivalente a uma explosão de 10 megatons de bomba atômica a cada 20 minutos.
Para comparação, o Almanaque Mundial de 1993 relata que em 1990 a humanidade utilizou menos de 20% da energia de um furacão. Além disso, concentrar energia mecânica suficiente em um ponto específico no oceano é praticamente inviável, considerando que os furacões se originam justamente nessas regiões marítimas.
Explosivos, nucleares ou não, não influenciam a pressão atmosférica necessária para reduzir o impacto do furacão, pois o pulso de alta pressão se dissipa rapidamente para longe, em velocidade superior à do som.
A NOAA também destaca que, anualmente, cerca de 80 ondas tropicais e depressões que podem se desenvolver em furacões surgem no Atlântico, mas somente cinco chegam a se transformar em furacões em média. Isso torna pouco efetiva uma tentativa preventiva de destruir tempestades ainda incipientes, já que não é possível prever seu desenvolvimento em detalhes.
Além das dificuldades técnicas, há preocupações humanas e ambientais consideráveis. O material radioativo liberado por uma bomba atômica no oceano acabaria afetando as populações costeiras, contaminando fontes de água e destruindo ecossistemas marinhos, causando danos graves e duradouros.
Créditos: InfoMoney