Notícias
04:06

Presidente da Alerj tem patrimônio ampliado em 830% e é preso por vazamento

Rodrigo Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), teve seu patrimônio ampliado em mais de 830% entre 2018 e 2022, segundo dados do portal de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais. Ele passou de R$ 85 mil declarados em espécie na sua primeira eleição para deputado estadual em 2018, para R$ 793 mil em bens em 2022. Esse montante inclui R$ 493 mil em aplicações financeiras, R$ 150 mil em espécie e R$ 150 mil em participação societária em uma empresa não divulgada.

O crescimento patrimonial despertou a atenção do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que iniciou investigações para apurar possíveis atos de improbidade administrativa e evolução incompatível dos bens declarados diante da remuneração do deputado. Entre os focos das investigações está um frigorífico localizado em Campos dos Goytacazes, região eleitoral de Bacellar.

Em 2023, o MPRJ já investigava o uso de um apartamento em Botafogo, Zona Sul do Rio, e a compra de uma mansão em Teresópolis, imóveis associados ao parlamentar. O apartamento, uma cobertura com vista para o Cristo Redentor, foi alugado por R$ 2,2 mil em contrato fechado por Bacellar com o proprietário Jansens Calil Siqueira, advogado e amigo do deputado. Já a compra da residência em Teresópolis foi compartilhada entre ambos. A investigação sobre essas propriedades foi encerrada em abril deste ano, porém, outra apuração sob sigilo foi aberta para investigar as suspeitas relativas à evolução patrimonial do deputado.

Na manhã desta quarta-feira, Bacellar foi preso pela Polícia Federal (PF), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sob suspeita de envolvimento no vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun. Essa operação investiga conexões de criminalidade envolvendo o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, preso em setembro.

A PF indicou que o vazamento obstruiu as investigações contra ligações do preso com a facção criminosa Comando Vermelho (CV). Mensagens trocadas entre Bacellar e TH Joias foram apresentadas como evidência do possível vazamento.

Bacellar foi detido em sua chegada à sede da PF, chamado para uma reunião com o superintendente. Foram realizadas buscas em quatro endereços ligados ao deputado — em Botafogo, Campos dos Goytacazes e Teresópolis — além de seu gabinete na Alerj. TH Joias também foi levado à sede da PF e permaneceu em silêncio durante os questionamentos.

A prisão ocorreu no contexto de decisão do STF no julgamento da ADPF 635/RJ, conhecida como ADPF das Favelas, que determinou que a PF investigasse a atuação dos principais grupos criminosos violentos do estado e suas conexões com agentes públicos. Essa decisão também ordenou o afastamento de Bacellar da presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Créditos: O Globo

Modo Noturno