Presidente do Peru decreta estado de emergência em Lima para conter violência
José Jerí, presidente do Peru, decretou estado de emergência em Lima e Callao a partir da meia-noite desta terça-feira, 21, por 30 dias, para conter a onda de violência no país. Ele assumiu o poder recentemente, após o impeachment da antecessora Dina Boluarte, tendo liderado o Congresso durante manifestações contra corrupção e violência.
Em pronunciamento televisivo, Jerí afirmou: “Hoje começamos a mudar a história na luta contra a insegurança no Peru” e acrescentou que o governo está “passando da defesa para o ataque”. Ele concluiu dizendo que “guerras são vencidas com ações, não com palavras”.
Desde a posse de Jerí em 10 de outubro, pelo menos 100 pessoas ficaram feridas em confrontos entre manifestantes e polícia. Eduardo Mauricio Ruiz, de 32 anos, morreu baleado durante os conflitos. Fernando Losada, da Ouvidoria do país, informou que foi aberta uma investigação para apurar as circunstâncias do óbito.
A aprovação do estado de emergência ocorreu pelo Conselho de Ministros, conforme prevê a Constituição peruana. O decreto restringe direitos civis, como a liberdade de reunião, e autoriza o uso das Forças Armadas. Entre as medidas, estão limitações nas visitas às prisões, proibição de “quedas de energia nas celas” e destruição de antenas de comunicação ilegais.
Forças de segurança realizarão operações de inspeção em locais conhecidos pela venda ilegal de drogas, armas, peças de carros e celulares suspeitos. Eventos religiosos, culturais e esportivos de grande porte deverão ter autorização oficial, enquanto eventos menores seguem normalmente.
Após reunião no Congresso sobre os protestos, Jerí anunciou que solicitará aos deputados autoridade para legislar sobre segurança pública, com ênfase na reforma do sistema carcerário, sem detalhar os novos poderes. O ministro do Interior, Vicente Tiburcio, destacou a intenção do governo de reformar a polícia nacional.
Militante do partido Somos Peru e ex-presidente do Congresso, Jerí tornou-se o sétimo presidente peruano em oito anos. Ele assumiu após Boluarte ser destituída por “incapacidade moral permanente” e permanecerá no cargo até as eleições previstas para abril de 2026.
Embora tenha prometido priorizar a luta contra o crime, Jerí enfrenta acusações de corrupção e uma investigação por agressão sexual, que está arquivada. Ele nega irregularidades e se dispôs a colaborar nas apurações.
O aumento da violência foi a principal razão para o impeachment de Boluarte, cuja popularidade estava entre 2% e 4% e que enfrentava escândalos. Um incidente emblemático ocorreu em 8 de outubro quando a banda de cumbia Agua Marina foi atacada, com quatro integrantes baleados durante apresentação em um complexo militar, considerado um dos lugares mais seguros do país.
Créditos: Veja Abril