Internacional
10:07

Prisão de Bolsonaro testa relação comercial e política entre Brasil e EUA

A prisão de Jair Bolsonaro representou um teste importante para a dissociação entre o comércio Brasil-Estados Unidos e a divergência político-ideológica entre seus governos.

A prisão foi decretada menos de 36 horas após o anúncio da remoção da tarifa de 40% sobre parte dos produtos brasileiros exportados para os EUA. Ao impor essa tarifa em 9 de julho, o presidente Donald Trump havia citado o processo contra Bolsonaro como justificativa.

Martin De Luca, advogado que representa o Grupo Trump de Mídia e Tecnologia, afirmou no sábado (22) que a prisão de Bolsonaro era ilegal e que a reação do governo americano não seria automática, dependendo de vários fatores internos e externos, entre eles o comportamento da sociedade brasileira.

O presidente Trump, questionado no mesmo dia sobre a prisão, disse desconhecer o fato. Inicialmente, nem entendeu que a pergunta se referia a Bolsonaro, respondendo que havia falado com “o cavalheiro” na noite anterior. Após esclarecer que era sobre o ex-presidente brasileiro, Trump declarou: “Ah, isso aconteceu? Não estou sabendo”. Em seguida, com expressão de desagrado, afirmou: “Isso é muito ruim”.

A frase “that’s too bad”, em inglês, pode ter a conotação de “problema dele”, embora não tenha ficado claro se essa era a intenção de Trump. Ele embarcou logo depois no helicóptero presidencial.

A remoção das tarifas foi, segundo apuração, uma iniciativa unilateral de Trump motivada pelo impacto político do alto custo de vida, e não resultado de concessões brasileiras.

Pesquisa Ipsos/Reuters divulgado no fim da semana anterior revelou que a economia se tornou a maior preocupação para 24% dos americanos, superando o extremismo político e ameaças à democracia, que ficaram em segundo lugar com 22%.

A confiança do consumidor caiu de 52,9% para 51,3% em novembro, e as expectativas econômicas estão no nível mais baixo para 2025. A aprovação de Trump diminuiu de mais de 50% no início do ano para 42% em novembro, com maior queda entre os preocupados com a economia.

Republicanos sofreram derrotas nas eleições estaduais de 4 de novembro, com as pesquisas indicando que o custo de vida foi a principal razão. No dia seguinte, juízes da Suprema Corte, incluindo conservadores, questionaram a motivação política das tarifas contra produtos brasileiros.

Assim, Trump teve razões econômicas, políticas e jurídicas para remover as tarifas sobre carne, café, frutas e suco de laranja, enquanto 74% dos produtos brasileiros ainda permanecem sujeitos às alíquotas aplicadas este ano pelo presidente americano.

É possível que o governo dos EUA aprofundem sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, devido à prisão decretada. No entanto, por enquanto, o comércio bilateral parece protegido dessa divergência política entre os governos.

Créditos: CNN Brasil

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