Queda no preço do arroz e feijão é a melhor notícia para governo Lula
A principal notícia positiva para o governo Lula na semana passada não foi a sanção da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, já que o mais difícil foi a aprovação da proposta no Congresso.
Também não foi o anúncio da queda da taxa de desemprego para 5,4%, a menor desde 2012, nem o aumento de 5% da renda média em 2025, alcançando R$ 3.528. Tampouco foi o recorde da Bolsa de Valores, que atingiu 159.072 pontos na sexta-feira (28). Movimentações na esfera criminal também não foram a melhor notícia.
O que realmente se destacou foi a prévia da inflação pelo IPCA-15, que mostrou queda acumulada no ano de 24,2% no preço do arroz e 32% no feijão preto.
A força econômica de um governo não depende apenas de indicadores econômicos, pois, como destacou a economista Maria da Conceição Tavares, o povo não come Produto Interno Bruto (PIB). O que importa é como esses números se traduzem na vida cotidiana das pessoas.
Lula vem conseguindo aumentar a renda média dos trabalhadores e reduzir o desemprego, mas isso só é efetivo se a população perceber uma melhora real na qualidade de vida. Um PIB grande chama a atenção, mas o essencial é quem realmente se beneficia dele, especialmente no poder de compra do cidadão comum, principalmente do preço dos alimentos.
No ano anterior, o preço do arroz e do feijão havia subido consistentemente. Em outubro de 2024, o arroz tinha subido 24% e o feijão preto, o mais consumido, 5,7% no acumulado de 12 meses. Como a alimentação é um dos principais componentes da inflação para os mais pobres, a queda de preços em 2025 ajuda a reduzir o descontentamento gerado pelos aumentos do ano anterior.
Diverge-se da análise que ignora a percepção do custo de vida como fator decisivo para a aprovação do governo Lula, focando apenas em grandes índices econômicos. Lula foi eleito porque parte dos eleitores, que não se identificam nem como petistas nem bolsonaristas, acreditou em sua promessa de dias melhores, simbolizados por alimentos básicos como arroz e feijão.
Para garantir sua reeleição ou a indicação de um sucessor em 2026, esses trabalhadores precisam sentir essa melhora no supermercado, no momento do pagamento.
A inflação geral acumulada no último ano ficou em 4,15%, enquanto a inflação dos alimentos em casa foi de 2,02%. A população percebeu um alívio nos produtos que consome frequentemente, mas ainda espera mais. É diante da gôndola que as promessas políticas ganham credibilidade e a confiança em projetos governamentais é decidida.
Se o governo quiser colher votos em 2026, precisará assegurar que os indicadores macroeconômicos se convertam de forma clara e contínua em comida mais acessível para a população trabalhadora. A segurança econômica seguirá sendo prioridade nas próximas eleições.
Créditos: UOL