Rodrigo Paz é eleito presidente da Bolívia após primeira disputa histórica de segundo turno

Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão, foi eleito presidente da Bolívia neste domingo (19). Esta foi a primeira eleição com segundo turno na história do país, disputada entre Paz e o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga, também de direita.

A Bolívia passou por uma guinada à direita após duas décadas de governos de esquerda. O ex-presidente Evo Morales, líder do Movimento ao Socialismo (MAS), que dominou o país por anos, incentivou o voto nulo. O partido MAS não avançou para o segundo turno.

Rodrigo Paz, candidato de centro-direita, atingiu 54,5% dos votos com 91,2% das urnas apuradas. Aos 58 anos, Paz é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, nasceu no exílio durante a ditadura militar e foi educado nos Estados Unidos.

Durante a campanha, Paz afirmou a intenção de conquistar eleitores de esquerda com propostas moderadas para reduzir a polarização política. Ele indicou também diálogo com o ex-presidente Lula.

O vice-presidente eleito, Edman Lara, declarou que está preparado para se dirigir a La Paz para trabalhar junto a Paz na busca de soluções para a crise econômica boliviana.

No plano de governo de Rodrigo Paz, estão previstas a modernização e profissionalização das Forças Armadas e a implantação de tecnologias digitais avançadas, sem detalhamento sobre como essas medidas seriam implementadas.

Especialistas, porém, criticam as propostas como irreais diante do grande déficit fiscal. O pesquisador Jonathan Fortun, do Instituto de Finanças Internacionais, alertou que o ajuste necessário será rápido e disruptivo.

A Bolívia enfrenta escassez de dólares, combustíveis e inflação anual acima de 23%. Estas dificuldades econômicas levaram o eleitorado a rejeitar o MAS no primeiro turno.

Morales votou em Cochabamba, onde está protegido por uma guarda indígena, conforme informado pela AFP. Ele é alvo de uma ordem de prisão por acusação de tráfico de menor, crime que nega.

Com a vitória de Paz, encerra-se uma era iniciada por Morales em 2006 e seguida por seu sucessor Luis Arce. Durante o domínio do MAS, a Bolívia teve um ciclo que foi da bonança com a nacionalização do gás até a queda dramática da produção do recurso, fonte essencial de receita.

O país enfrenta hoje longas filas para combustíveis e alimentos subsidiados, em sua pior crise em quatro décadas.

O rompimento político entre Arce e Morales foi decisivo para que a esquerda não tivesse representantes no segundo turno. A situação econômica difícil também influenciou o resultado eleitoral.

O atual presidente Arce afirmou que os candidatos devem respeitar a decisão das urnas e o povo boliviano.

Assim, a vitória de Rodrigo Paz marca uma mudança política e econômica importante para a Bolívia após 20 anos de governos de esquerda.

Créditos: G1 Globo