Sete governadores formam Consórcio da Paz para combater crime organizado
Sete governadores anunciaram, na quinta-feira (30), a criação do “Consórcio da Paz”, um projeto para integrar troca de informações de inteligência, apoio financeiro e reforço policial no combate ao crime organizado.
Essa iniciativa foi motivada pela operação no Rio de Janeiro que deixou pelo menos 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.
O encontro aconteceu no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro.
Participaram o governador do Rio, Cláudio Castro; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; Eduardo Riedel (Progressistas), do Mato Grosso do Sul; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (Progressistas). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou por chamada de vídeo.
O Rio de Janeiro será a sede inicial e responsável pela formalização do consórcio.
Castro explicou que o objetivo é compartilhar estratégias de combate ao crime. “Faremos um consórcio entre estados no modelo de outros que existem para dividir experiências, soluções e ações contra o crime organizado”, afirmou.
Apesar da liderança por governadores com alinhamento político, a intenção é incluir todos os estados da Federação.
Jorginho Mello destacou: “Queremos integrar as 27 unidades da Federação para trocar experiência, empréstimos e recursos humanos, pois temos profissionais qualificados. Também vamos comprar equipamentos de forma consorciada para enfrentar a onda de violência no Brasil, que não é apenas do Rio, mas de todos os estados”.
Os governadores elogiaram os resultados da operação policial nos complexos da Penha e do Alemão.
Romeu Zema qualificou a ação como “a mais bem-sucedida” e disse que “as forças de segurança do Rio fizeram uma operação que marcará a segurança pública no Brasil”.
Na operação, 121 pessoas morreram, incluindo quatro policiais militares, e 93 fuzis foram apreendidos. Também houve interdição de vias na cidade. O principal alvo anunciado era Edgar Alves de Andrade, o Doca, líder do Comando Vermelho, que não foi capturado.
Especialistas em segurança pública destacam que o crime organizado tem redes econômicas e sociais complexas, e operações isoladas não resolvem o problema. Organizações e movimentos sociais criticam a letalidade policial e alegam desrespeito aos moradores. Testemunhas denunciaram execuções e torturas, enquanto moradores classificaram a ação como carnificina.
Durante a reunião, os governadores afirmaram que o consórcio pretende oferecer ações práticas, sem politização da segurança.
Entretanto, criticaram a PEC da Segurança Pública enviada pelo governo federal em abril de 2025, que visa dar status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) e integrar forças em todo o país.
Ronaldo Caiado afirmou que o governo federal quer retirar dos governadores a direção da segurança pública, prevista na Constituição de 1988, transferindo essa autonomia para o Ministério da Justiça, o que configuraria intervenção nas polícias estaduais.
A PEC propõe que a União elabore a política nacional de segurança, cujas diretrizes serão obrigatórias para estados, Distrito Federal e municípios, após consulta ao Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. O governo federal afirma que a PEC mantém autonomia das forças estaduais e distrital.
Na quarta-feira (29), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o governador Cláudio Castro anunciaram um escritório emergencial para enfrentar o crime organizado no estado, com o intuito de melhorar a integração entre as esferas federal e estadual.
Lewandowski declarou que o governo federal irá aumentar o efetivo da Polícia Rodoviária Federal em 50 agentes nas estradas e de agentes de inteligência no Rio, além de enviar peritos.
A pedido de Castro, o governo federal autorizou a transferência de dez presos para presídios federais.
Créditos: Agência Brasil EBC