Sexto suspeito é preso pela morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz em São Vicente
Na madrugada de sábado (20), um homem suspeito de envolvimento no assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, 64, foi preso, um dia após a Justiça expedir sua ordem de prisão. Esta é a terceira detenção relacionada às investigações.
Rafael Marcell Dias Simões, conhecido como Jaguar e com 42 anos, se apresentou em uma delegacia de São Vicente, litoral paulista. No momento da entrega, ele não estava com seu telefone celular. A prisão é temporária, válida por 30 dias, e foi confirmada em audiência de custódia no começo da tarde de sábado.
A defesa de Simões informou à Folha que pretende provar sua inocência durante o processo e que ainda não acessou os autos.
Simões já havia sido condenado a 22 anos e dez meses por extorsão mediante sequestro, começando a cumprir pena em 2008 na penitenciária de Presidente Bernardes, destinada a líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), com posterior transferência para Mirandópolis.
Ele recebeu o benefício da progressão da pena em 2024, sendo libertado para o regime semiaberto com a restrição de não deixar São Paulo sem autorização judicial, e tinha de ficar em casa aos finais de semana e das 22h às 6h em dias úteis.
Embora já tivesse direito ao semiaberto em 2023, perdeu o benefício após a Justiça reconhecer uma falta disciplinar cometida no presídio, relacionada à incitação de presos contra a ordem do sistema prisional. Essa decisão foi revertida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Além dele, outras duas pessoas já foram presas sob suspeita pela morte de Ruy Ferraz, incluindo Luiz Henrique Santos Batista, o Fofão, 38, detido na manhã de sexta (19) em São Vicente.
A polícia acredita que Fofão tenha transportado Rafael Simões após os disparos.
Na quinta-feira (18), uma mulher suspeita do homicídio também foi presa. Dahesly Oliveira Pires, 25, teria fornecido uma das armas usadas e já era procurada pela Justiça.
Em comunicado, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou a prisão e informou que outras quatro pessoas com prisões decretadas, incluindo uma neste sábado, continuam foragidas. Segundo a SSP, diligências prosseguem para esclarecer todas as circunstâncias e responsabilizar os envolvidos.
Ruy Ferraz Fontes foi morto em uma emboscada no final da tarde de segunda-feira (15). Seu carro foi atingido por 29 tiros de fuzil ao sair da prefeitura do balneário, local em que atuava como secretário de Administração.
Vídeos mostraram que ele tentou fugir, mas colidiu com dois ônibus em uma avenida movimentada. Três homens encapuzados, com coletes à prova de balas, saíram de um veículo usado no crime e efetuaram os disparos que o mataram no local.
O carro usado no crime foi encontrado queimado pela polícia. Conforme a Prefeitura de Praia Grande, um homem e uma mulher que estavam na rua foram feridos durante o ataque. Eles receberam atendimento imediato e foram encaminhados a hospital, sem risco confirmado à vida.
Ruy Ferraz iniciou sua carreira em 1988, trabalhando em vários setores da Polícia Civil por quase 40 anos. Foi professor assistente de Criminologia e Direito Processual Penal por 11 anos em uma universidade, além de lecionar Investigação Policial na Academia da Polícia Civil de São Paulo.
Ele ocupou o cargo de delegado-geral da Polícia Civil do estado de janeiro de 2019 a abril de 2022, durante o governo de João Doria, respondendo diretamente ao governador e ao secretário de Segurança Pública.
Nos últimos tempos, atuava como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande, que manifestou pesar pela morte. Também foi diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
Créditos: Folha de S.Paulo