STF inicia votação final que mantém condenação de Bolsonaro a 27 anos

O julgamento dos recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros envolvidos do núcleo central da suposta trama golpista alcançou a fase final na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta sexta-feira, 7, o relator ministro Alexandre de Moraes iniciou a votação com um voto que rejeita os argumentos da defesa e confirma a condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão.

O ministro classificou Bolsonaro como líder de uma “organização criminosa armada” que buscou restringir poderes constitucionais e promover a deposição violenta de um governo legítimo.

Segundo o colunista Robson Bonin, no programa Os Três Poderes, da VEJA, nem o STF nem os advogados de defesa esperam a reversão do julgamento. Ele afirmou que é um processo formal, sem chances de resultado diferente.

Bonin destacou a expectativa de unanimidade entre os ministros para confirmar a decisão anterior, especialmente após a transferência do ministro Luiz Fux para a Segunda Turma, que havia manifestado divergência parcial.

“Estamos apenas aguardando o momento em que Moraes determinará o início do cumprimento da pena”, afirmou.

José Benedito da Silva, editor de VEJA, comentou que Bolsonaro enfrenta seu ponto mais vulnerável desde a condenação, percebendo ‘abandono político’ e perda de força inclusive na direita.

Ele observou uma nova pauta de mobilização da direita focada na segurança pública, que não depende mais do ex-presidente. As manifestações nas ruas cessaram e o bolsonarismo perdeu influência nas redes sociais.

A discussão sobre anistia, que chegou a ser avaliada por aliados, também foi abandonada e não é mais pauta relevante.

Os colunistas avaliam que a defesa agora tenta apenas ganhar tempo com possíveis recursos e embargos que poderiam empurrar o trânsito em julgado para o recesso do Judiciário.

Essa manobra visaria adiar o cumprimento da pena para 2026, ano eleitoral com cenário político possivelmente mais favorável a Bolsonaro, mas as chances de sucesso são vistas como pequenas.

Mesmo com essa possibilidade remota, a expectativa é que o STF confirme o início do cumprimento da pena ainda neste ano. Bolsonaro deve cumprir alguns dias em regime fechado, possivelmente no presídio da Papuda, em Brasília, antes de obter prisão domiciliar por motivos de saúde, como ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor.

José Benedito concluiu que o momento político é difícil para Bolsonaro, enfraquecido politicamente e sem alternativas jurídicas viáveis.

Créditos: Veja Abril