Tiroteios na Zona Norte do Rio deixam refém morta e apreensão de fuzis
Moradores dos bairros Costa Barros e Pavuna, na Zona Norte do Rio, enfrentaram uma noite de intenso conflito entre facções rivais entre o domingo à noite e a madrugada de segunda-feira.
Durante os tiroteios, uma mulher feita refém e um homem que saía de um pagode foram mortos. Dois suspeitos também morreram em confronto com a Polícia Militar, enquanto outros cinco foram presos. Sete fuzis, uma granada, munição e seis veículos foram apreendidos.
O confronto começou quando criminosos do Complexo do Chapadão, ligados ao Comando Vermelho (CV) e organizados em carros, invadiram o Complexo da Pedreira, território do Terceiro Comando Puro (TCP). Moradores relataram forte tiroteio e explosões de bombas nas redes sociais.
Equipes do 41º BPM (Irajá) cercaram o local e localizaram um carro sem placa na Avenida Chrisóstomo Pimentel de Oliveira, na Pavuna. Ao se aproximarem, os policiais foram atacados e houve troca de tiros, resultando em três suspeitos feridos. Um deles morreu no Hospital municipal Albert Schweitzer. Dois foram presos e levados à 39ª DP (Pavuna).
Na comunidade da Quitanda, dois integrantes do Comando Vermelho invadiram uma casa e fizeram refém Marli Macedo dos Santos, de 60 anos, e familiares. Criminosos rivais atacaram a residência com metralhadoras. Marli sofreu um tiro na cabeça. A Polícia Militar negociou a rendição dos criminosos, que estavam armados com dois fuzis. Após a rendição, Marli foi socorrida ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
O interior da casa apresentou cerca de 20 marcas de tiros nas paredes, revelando o uso de armamento pesado, além de danos visíveis no teto.
Outra vítima, Elison Nascimento Vasconcelos, de 33 anos, foi atingido no peito ao sair de um pagode e morreu no Hospital municipal Francisco da Silva Telles.
Vídeos divulgados mostram pessoas se protegendo do tiroteio em espaços apertados como uma cozinha e um banheiro, evidenciando o pânico vivido pela população.
O comandante do 41º BPM, tenente-coronel Leandro Maia, afirmou em entrevista que a proximidade dos Complexos do Chapadão (CV) e da Pedreira (TCP) facilita os conflitos entre criminosos. O ataque foi reportado ao batalhão por volta das 22h30, segundo ele. Maia comentou que os invasores estavam desorientados e elogiou a negociação que permitiu retirar a senhora baleada e seu irmão.
Nesta segunda-feira, o comandante confirmou normalização da situação na região, com circulação de ônibus restabelecida. O patrulhamento permanece intenso, inclusive com presença de veículo blindado em frente à UPA de Costa Barros, que reabriu após cerca de um mês fechada por violência.
A Secretaria municipal de Saúde informou que três unidades de Atenção Primária da região suspenderam temporariamente o atendimento por questões de segurança. A Secretaria municipal de Educação comunicou o fechamento de 22 escolas no Complexo da Pedreira.
A circulação de três linhas de ônibus foi desviada devido à situação, conforme informado pelo Rio Ônibus.
Créditos: O Globo