Internacional
10:07

Trump acusa Honduras de tentar alterar eleição e ameaça consequências

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou autoridades eleitorais de Honduras de tentar alterar o resultado da eleição presidencial local. A apuração inicial mostrava uma leve vantagem de Nasry Asfura, candidato apoiado por Washington, sobre Salvador Nasralla, mas passou a indicar um “empate técnico”. Trump advertiu em 1º de novembro que haverá “consequências severas” se considerar que houve manipulação nos resultados finais.

Após o empate apontado pela apuração digital, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) solicitou paciência enquanto iniciava a contagem manual dos votos. Asfura, de 67 anos e apoiado por Trump, liderava por apenas 515 votos contra Nasralla, de 72 anos, segundo Ana Paola Hall, presidente do CNE, que classificou o cenário como “empate técnico”. Ainda não há definição na disputa.

Trump afirmou em postagens, sem apresentar provas, que Honduras estaria tentando mudar o resultado da eleição presidencial. O presidente americano tem ampliado seu apoio a aliados na região e previamente ameaçou suspender ajuda financeira dos EUA a Argentina e Honduras caso candidatos por ele apoiados não vencessem.

Nas eleições argentinas de meio de mandato, seu aliado Javier Milei obteve uma vitória surpreendente. Trump publicou na rede social Truth Social que, se Asfura não vencer, os EUA não estarão desperdiçando dinheiro, pois um líder inadequado traria resultados desastrosos para o país.

Dias antes da votação em Honduras, Asfura, ex-prefeito de Tegucigalpa, recebeu o apoio de Trump, indicando mais uma tentativa de influência em pleitos latino-americanos. Nasralla, por sua vez, manteve confiança, afirmando a repórteres que recebeu números colocando-o à frente na apuração preliminar, mas esclareceu no X que o partido não se declarava vencedor, apenas projetava resultados.

Independentemente do vencedor, a derrota principal será para a esquerda, representada pela presidente Xiomara Castro. O resultado reflete um movimento global que inclui o avanço da direita na América Latina e em países europeus. Em outubro, Rodrigo Paz venceu na Bolívia, encerrando quase 20 anos de governo de esquerda, e a direita pode ganhar espaço ainda maior com as próximas eleições no Chile, onde o ultradireitista José Antonio Kast Rist é favorito.

Essa alternância é comum na história recente da América Latina, que após o fim das ditaduras experimentou “ondas rosas” de governos progressistas. Atualmente, seis dos 12 países do continente têm políticos de direita no poder, mas eventos futuros, como o segundo turno no Chile e as eleições brasileiras de 2026, indicam um cenário incerto.

Em Honduras, a guinada para a direita pode fortalecer a influência dos Estados Unidos em um país que sob Xiomara vinha se aproximando da China. A campanha eleitoral foi marcada pela ameaça de Trump e pelo anúncio inesperado de que ele concederia indulto ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional, mesma sigla de Asfura. Hernández cumpre pena de 45 anos nos EUA por envolvimento em grande conspiração de narcotráfico.

Alguns veem com esperança a intervenção de Trump, interpretando-a como possível garantia para a permanência de imigrantes hondurenhos nos EUA. Desde janeiro, quase 30 mil cidadãos foram deportados, um golpe para um país de 11 milhões onde as remessas de quem migrou somam quase um terço do PIB.

Créditos: Veja Abril

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