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Trump assina lei para divulgação parcial dos arquivos sobre Jeffrey Epstein

WASHINGTON — Sob pressão de sua base, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou em 19 de abril nas redes sociais a assinatura de uma lei que obriga o Departamento de Justiça a liberar, em até 30 dias, seus arquivos sobre o criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein.

Contudo, a assinatura não garante a divulgação integral dos documentos. A lei inclui exceções importantes, como uma cláusula de proteção a investigações em andamento, que pode manter muitos arquivos ainda confidenciais.

Em um comunicado na rede Truth Social, Trump criticou democratas vinculados a Epstein, afirmando que a repercussão sobre os documentos era uma estratégia para desviar a atenção de seu governo. “Os democratas usaram a questão ‘Epstein’, que os afeta mais do que nossa parte, para tentar desviar a atenção de nossas incríveis vitórias”, escreveu.

Trump também afirmou que a aprovação da lei resultou de uma solicitação sua aos líderes republicanos Mike Johnson e John Thune para que o projeto fosse aprovado na Câmara e no Senado, indicando que a votação foi quase unânime.

Porém, essa iniciativa veio após Trump perder apoio político no tema. Democratas e parte dos republicanos uniram-se para forçar a votação, e com a proximidade da decisão, outros republicanos manifestaram apoio.

Maria Farmer, primeira sobrevivente a denunciar Epstein e Ghislaine Maxwell em 1996, saudou a aprovação. Ela afirmou que, após décadas sem transparência e ação, e quase cinco governos ignorando as vítimas, o Congresso finalmente ouviu as sobreviventes.

A Casa Branca disse já ter liberado dezenas de milhares de páginas relacionadas à investigação e que isso dificilmente satisfaz os críticos de Trump.

As acusações contra Epstein e suas ligações com pessoas poderosas, inclusive Trump, alimentam a demanda por mais transparência sobre possíveis outros abusadores.

Trump reconheceu ter sido amigo de Epstein por cerca de 15 anos. Epstein, condenado por crimes sexuais, foi encontrado enforcado em sua cela em agosto de 2019, em um suicídio declarado.

Trump nega qualquer envolvimento nos crimes ou conhecimento do tráfico sexual e diz ter rompido relações com Epstein há anos. Ele afirma que a desavença entre eles ocorreu porque Epstein teria “roubado” funcionárias de seu spa em Mar-a-Lago, contratando-as. Na terça-feira, Trump chamou Epstein de “pervertido doentio”.

O Senado aprovou a lei que obriga o Departamento de Justiça a liberar mais arquivos, um dia após aprovação expressiva na Câmara.

O texto mantém exceções usadas pela procuradora-geral Pam Bondi para manter arquivos em sigilo, decisão que causou insatisfação entre quem esperava maior transparência.

O governo pode reter documentos que identifiquem vítimas, contenham imagens de abuso infantil ou sejam confidenciais, além de registros que comprometam investigações federais em andamento.

O Departamento de Justiça disse que documentos retidos continham imagens e vídeos de abuso infantil ou materiais sob sigilo judicial.

Na semana anterior, Trump pediu que o Departamento de Justiça investigasse democratas citados em e-mails de Epstein. Bondi confirmou que iniciou a investigação, o que pode justificar a retenção de mais documentos.

Um porta-voz do departamento não comentou se essa apuração influenciará a divulgação dos arquivos.

Bondi prometeu cumprir a lei, proteger vítimas e ser transparente caso novos materiais sejam liberados. Ela declarou que “novas informações” levaram à revisão da conclusão do caso feita há quatro meses, sem revelar detalhes dessas informações.

Créditos: Estadão

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