Internacional
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Trump intensifica pressão econômica e militar contra Colômbia

A ofensiva militar e econômica de Donald Trump contra o governo da Colômbia confirma a hipótese apresentada por analistas no início de seu segundo mandato, de que o presidente dos Estados Unidos pretende compensar o desengajamento em conflitos armados distantes com maior projeção de poder na América Latina.

O secretário de Defesa Pete Hegseth informou que as Forças Armadas americanas destruíram na sexta-feira uma embarcação da guerrilha colombiana Exército de Libertação Nacional (ELN), causando a morte de três pessoas.

Logo após, Trump acusou o presidente colombiano Gustavo Petro de envolvimento com o narcotráfico e anunciou a suspensão da ajuda financeira ao país. Na segunda-feira, Trump reforçou as ameaças, cogitando a aplicação de tarifas contra a Colômbia.

Em resposta, Petro convocou o embaixador colombiano em Washington, Daniel Garcia-Pena, como forma de protesto, e classificou as acusações do presidente americano como “ofensivas”.

Em abril, Trump já havia estabelecido tarifas “recíprocas” de 10% contra a Colômbia, que, assim como o Brasil, apresenta déficit na balança comercial bilateral. Os EUA são o principal parceiro comercial colombiano, destino de 35% das exportações do país.

Petro tentou negociar a paz com o ELN, mas as negociações foram suspensas em janeiro, após acusações de ataques do grupo na região do Catatumbo, que resultaram em mortes de civis e ex-combatentes da antiga guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e deslocamento de população.

O presidente colombiano apoia a descriminalização das drogas, embora não haja provas de seu envolvimento com narcotráfico. Seu filho, Nicolás Petro, enfrenta acusações de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, mas o presidente declarou que não interferirá no processo e reafirmou seu compromisso com a Justiça e a transparência.

Em março, com o fechamento da agência USAID, os EUA interromperam o repasse anual de US$ 440 milhões à Colômbia, fundos destinados a programas sociais que buscam substituir cultivos de coca. Não foi esclarecido qual parte da ajuda financeira Trump pretende suspender.

No início do mandato, Trump tentou deportar imigrantes para a Colômbia em aviões militares, mas Petro recusou a entrada, alegando tratamento desumano aos deportados, que estavam algemados e com as cabeças baixas. Trump então ameaçou tarifas de 25% sobre produtos colombianos, revogação de vistos e maior fiscalização alfandegária. Após intensa disputa diplomática, a Colômbia aceitou receber os deportados em aviões civis e sob melhores condições, o que levou à suspensão temporária das sanções.

O secretário de Estado Marco Rubio criticou ainda a condenação do ex-presidente Álvaro Uribe, sentenciado a 12 anos de prisão domiciliar por obstrução da justiça e corrupção de testemunhas em processo que o associa a ex-paramilitares. Rubio afirmou que Uribe “sempre lutou por sua pátria” e denunciou a instrumentalização da Justiça por juízes radicais.

Assim, a Colômbia apresenta ao governo Trump todos os motivos para os ataques que ele já utiliza contra Venezuela e Brasil. Embora a Venezuela responda por apenas 5% da cocaína colombiana, a Colômbia é o maior produtor mundial da droga. Diferentemente do cartel venezuelano Tren de Arágua, que se dedica a crimes comuns, o ELN e ex-guerrilheiros das Farc são considerados “narcoterroristas” devido ao uso da violência para financiar suas ações. Uribe, por sua vez, desempenha papel semelhante ao do ex-presidente Jair Bolsonaro nas críticas de Trump ao sistema judicial.

Créditos: CNN Brasil

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