Internacional
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Trump ordena bloqueio total de petroleiros sancionados na Venezuela

Em um movimento que intensifica a tensão entre Washington e Caracas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou na terça-feira (16) o bloqueio completo dos petroleiros sob sanção americana ao redor da Venezuela, afirmando que o país está “totalmente cercado” pelas Forças Armadas dos EUA.

A especificação exata dos petroleiros sancionados não está clara. Na prática, a medida deve impedir que quase todos os navios-tanque de petróleo, exceto os ligados à Chevron americana, entrem ou saiam das águas venezuelanas. Apesar das sanções americanas contra o setor petrolífero venezuelano, a Chevron mantém operações no país latino-americano com a autorização de Washington — uma política iniciada no governo Joe Biden para ajudar a reduzir o preço da gasolina nos EUA, mantida por Trump.

No dia 11 recente, o governo Trump capturou no Caribe o petroleiro “Skipper”, que navegava sob bandeira da Guiana saindo de um porto venezuelano carregado de petróleo, acusando-o de comércio com o Irã, país também sancionado pelos EUA. Desde então, as exportações petrolíferas da Venezuela caíram drasticamente, e navios com pelo menos 11 milhões de barris permanecem parados na costa do país.

Com as maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela depende das exportações do produto para sua economia e para a manutenção do regime. A interrupção dessas exportações pode causar uma severa crise financeira à ditadura local. Além disso, as remessas de combustível enviadas pelo governo Maduro a Cuba tendem a cessar, agravando a crise energética da ilha e desestabilizando ainda mais o país — um dos objetivos presumidos do cerco americano, conforme reportagens da imprensa dos EUA.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, conhecido por sua origem cubana e por defender pressão contra o Partido Comunista em Cuba, é uma das vozes mais firmes na Casa Branca para uma intervenção militar que retire Maduro do poder, fragilizando também o regime cubano.

Na mesma terça-feira, Trump classificou a ditadura de Nicolás Maduro como uma organização terrorista internacional, abrindo legalmente caminho para ataques diretos contra a Venezuela, pois o presidente americano tem autoridade para atacar grupos terroristas sem a necessidade de autorização do Congresso, que é o único poder autorizado a declarar guerra.

Com essa designação, a Casa Branca pode justificar operações militares em território venezuelano com argumentos similares aos usados em ações contra grupos terroristas no Oriente Médio, como Estado Islâmico e Al Qaeda.

Tentativas de senadores democratas e republicanos de aprovar legislação que impeça Trump de atacar a Venezuela sem consulta ao Congresso ainda não tiveram êxito.

Trump declarou em sua rede social Truth Social que “A Venezuela está completamente cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul” e que essa armada vai aumentar para garantir que o país “devolva aos EUA todo o petróleo, terras e outros recursos que nos roubaram”, embora ele não tenha especificado a que recursos se referia.

O presidente afirmou que o regimes de Maduro usa os campos petrolíferos “roubados” para financiar a si mesmo, além de atividades como terrorismo de drogas, tráfico humano, assassinatos e sequestros. Por essas razões, reforçou a designação do regime venezuelano como organização terrorista e ordenou o bloqueio total dos petroleiros sancionados que entram ou saem do país.

Trump enfatizou que os EUA não permitirão que um regime hostil roube seu petróleo, terras ou outros bens, exigindo a devolução imediata desses recursos.

A campanha militar dos EUA na América Latina contra embarcações acusadas de transportar drogas para os Estados Unidos já resultou na morte de quase cem pessoas nas águas do Caribe e do Pacífico. O governo Trump reforçou a região com entre 12 mil e 16 mil soldados, além de caças, navios de guerra e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford.

Créditos: Folha de S.Paulo

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