Internacional
16:10

Ucrânia e EUA avançam em plano de paz enquanto Rússia ameaça boicotar

A Ucrânia e os Estados Unidos estão alinhando um plano de paz, mas a Rússia ameaça boicotar a proposta. Negociadores indicam avanços nos termos gerais, embora a Rússia insista no reconhecimento dos territórios que ocupa.

Faltando dois dias para o prazo estabelecido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para que a Ucrânia aceite uma proposta para encerrar o conflito, diplomatas indicam concordância sobre os pontos principais da proposta, após negociações intensas.

O texto inicial, divulgado informalmente na semana anterior, continha pontos difíceis para Kiev, como a cessão dos territórios ocupados, parecendo favorecer a Rússia. Contudo, o Kremlin demonstra insatisfação com o progresso das conversas.

Segundo a imprensa americana, dos 28 pontos iniciais, a nova proposta foi reduzida para 19, incluindo modificações importantes como a redução das Forças Armadas ucranianas e a liberação de US$ 100 bilhões em fundos russos congelados para a reconstrução da Ucrânia.

Porém, temas delicados continuam pendentes, como a cessão das áreas ocupadas aos russos e o reconhecimento dos territórios anexados, incluindo a Crimeia, como parte da Rússia. Esses pontos precisarão ser negociados diretamente entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

Rustem Umerov, chefe do Conselho de Segurança da Ucrânia e representante nas negociações, em entrevista em Genebra, confirmou que as partes alcançaram um entendimento comum sobre os termos principais do acordo. Ele espera que os dois líderes se encontrem em breve.

O lado americano também expressa otimismo: um integrante do governo Trump afirmou à CNN que “os ucranianos aceitaram o acordo de paz”, com apenas alguns detalhes menores a serem ajustados. Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, afirmou que os dois lados fizeram progressos consideráveis e que detalhes delicados, porém superáveis, exigirão novas conversas entre Ucrânia, Rússia e EUA.

Trump compartilhou uma visão positiva, dizendo aos jornalistas na Casa Branca que acreditava estar próximo de um acordo, apesar das dificuldades.

Paralelamente, o secretário do Exército dos EUA, Dan Driscoll, teve conversa sigilosa com emissários russos e ucranianos em Abu Dhabi para atualizar os russos sobre as discussões recentes com os aliados europeus. Não se sabe se russos e ucranianos estiveram juntos nessa reunião.

O plano inicial de 28 pontos previa exigências claras da Rússia, como a cessão de cerca de 20% do território ucraniano, o reconhecimento internacional desses territórios como russos, restrições ao tamanho das forças ucranianas e o veto permanente à entrada da Ucrânia na Otan, sem garantias contra futuras invasões russas ou apoio defensivo.

Kiev e aliados europeus criticaram duramente o plano, apresentando uma contraproposta que suavizava pontos como o ingresso da Ucrânia na Otan e indicava que o status dos territórios ocupados seria negociado posteriormente.

O assessor do presidente Putin, Yuri Ushakov, declarou que a contraproposta não é aceitável para o Kremlin, que prefere a versão inicial do acordo, atribuída ao principal negociador russo Kirill Dmitriev.

Apesar das negociações no fim de semana e do avanço na adequação do plano às exigências ucranianas liderado pelo secretário de Estado Marco Rubio, os russos já contavam com a impaciência de Trump e seu ultimato para que a Ucrânia aceitasse a proposta até a próxima quinta-feira.

O Kremlin afirmou não ter sido informado sobre as alterações no texto e evita declarações públicas. Contudo, o chanceler russo Sergei Lavrov detalhou nesta terça-feira pontos considerados inegociáveis.

Lavrov referiu-se ao encontro em Anchorage, quando Trump indicou disposição para reconhecer a Crimeia anexada em 2014 e forçar a Ucrânia a recuar na região do Donbass. Essa cláusula, presente na versão inicial, é inaceitável para Kiev, que Zelensky tenta persuadir Trump a abandonar.

Lavrov afirmou que, se os compromissos estabelecidos em Anchorage forem apagados, a situação será completamente diferente, deixando aberta a possibilidade de rejeição ao plano revisado após reunião com representantes da Bielorrússia.

Créditos: O Globo

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