Ultradireitista José Antonio Kast tenta presidente do Chile pela terceira vez
José Antonio Kast, representante da ultradireita chilena, disputa a Presidência do Chile pela terceira vez, com uma campanha centrada no combate à criminalidade. O advogado defende uma postura rigorosa contra o crime, a imigração irregular e a diminuição do papel do Estado.
Fundador do Partido Republicano do Chile, criado em 2019, Kast foi deputado por quatro mandatos até 2018 e anteriormente integrou a União Democrática Independente (UDI). Filho mais novo de dez irmãos, sua família imigrou da Alemanha para o Chile em 1950 para abrir um negócio de carne. Em 2021, documentos mostraram a ligação de seu pai com o partido nazista, informação frequentemente mencionada por críticos; Kast afirmou que o pai foi obrigado a lutar na Segunda Guerra Mundial.
Seu programa enfatiza segurança e ordem pública, associando imigração ao aumento da criminalidade. Propõe o fechamento das fronteiras e a expulsão de estrangeiros sem residência regular, sugerindo que custeiem suas próprias transferências. Defende também menor interferência estatal.
Na semana passada, ao encerrar a campanha, declarou: “Queremos um país em que o criminoso tenha medo, e o cidadão ande livre. Sem ordem não há liberdade, e sem liberdade não há futuro”. Promete não desistir e garantir proteção aos cidadãos.
Para conquistar eleitores moderados, evitou temas polêmicos, como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo, focando na classe média que busca avanços econômicos por esforço próprio. No passado, posicionou-se contra o casamento igualitário e foi acusado de disseminar desinformação contra adversários nas redes sociais. Atualmente, seu discurso enfatiza “ordem e progresso”, enfrentando a insegurança no Chile, que tem baixas taxas de homicídio, mas aumento em crimes como sequestros e roubos.
Kast foi derrotado por Gabriel Boric no segundo turno das eleições de 2021, período marcado por intensa mobilização social que demandava mais direitos individuais e uma nova Constituição, após grandes protestos. Naquele momento, sua popularidade caiu por defender o legado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Em 2025, aproveitando a insatisfação com o governo Boric, Kast lidera a oposição, aparecendo em segundo lugar nas pesquisas do primeiro turno, atrás da governista Jeannette Jara, e à frente da ex-ministra Evelyn Matthei, representante da direita tradicional, além de disputar eleitores com o ultradireitista Johannes Kaiser.
Embora tenha adotado um tom mais moderado, Kast causou controvérsia ao realizar comícios protegido por vidro blindado e promete aproximar o Chile do governo de Donald Trump se eleito. É aliado do partido espanhol Vox e tem afinidade com o economista argentino Javier Milei.
Créditos: Folha de S.Paulo