Vale e Itaú lideram antecipação de dividendos antes da nova tributação de 2026
A reforma do Imposto de Renda está motivando uma corrida para o anúncio de dividendos antes do fim de 2025. A nova regra prevê tributação de 10% sobre pagamentos mensais superiores a R$ 50 mil para pessoas físicas a partir de 2026, mantendo, porém, a isenção para lucros apurados até dezembro de 2025, mesmo que distribuídos até 2028.
Nos últimos dias, Itaú (ITUB4) e Vale (VALE3) anunciaram distribuições de R$ 23,4 bilhões e R$ 15,3 bilhões, respectivamente, juntando-se a empresas como Marcopolo (POMO4), Vulcabras (VULC3) e Azzas (AZZA3). Recentemente, Axia (AXIA3; AXIA6) também anunciou dividendos de R$ 40 bilhões via uma nova classe de ações PNC, e WEG (WEGE3) aprovou um dividendo complementar de R$ 1,43 bilhão.
A combinação entre a preservação da isenção para lucros já gerados e a tributação futura levou as companhias a reorganizarem seus cronogramas de distribuição.
No caso da Axia, o uso da ação PNC foi estruturado para conciliar a Lei das S.A., que exige a distribuição no mesmo exercício social, com a regra tributária que permite declarar agora e pagar até 2028. Segundo a Genial, essa solução compatibiliza as exigências legais sem perda do benefício tributário.
O Itaú BBA destaca que essa estratégia não implica aumento automático no volume de dividendos, mas organiza o processo diante da mudança na tributação.
Para companhias como a WEG, a antecipação de pagamentos previstos para 2026 segue a mesma lógica: declarar em 2025 garante o benefício fiscal para proventos que serão pagos nos próximos anos.
A XP realizou um levantamento das empresas mais propensas a antecipar dividendos antes da mudança fiscal. A estimativa indica que o volume dessa antecipação pode alcançar R$ 170 bilhões até o final do ano.
O filtro utilizado considerou empresas com alavancagem abaixo de duas vezes o Ebitda, payout esperado positivo, histórico regular de pagamento, avaliação setorial de probabilidade média ou alta e reservas suficientes para gerar um potencial yield mínimo de 10%.
A lista inclui 25 empresas, com capacidade combinada de R$ 170,3 bilhões, o que equivaleria a um potencial yield de 27,1% caso distribuíssem integralmente seus saldos.
Distribuições parciais já teriam impacto significativo. A equipe de estratégia aponta que, embora seja improvável que todas distribuam todo o potencial, uma distribuição de 25% do valor potencial resultaria em yield de 6,8%, 33% em 8,9% e 50% em 13,5%.
Em resumo, várias empresas estão aproveitando a janela até o fim de 2025 para antecipar dividendos, preservando o benefício fiscal antes da vigência da tributação em 2026.
Créditos: InfoMoney