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09:09

Venezuela condena bloqueio de petroleiros pelos EUA como ‘irracional’

A Venezuela qualificou como “irracional” e uma “ameaça grotesca” o bloqueio “total e completo” imposto a todos os navios petroleiros venezuelanos sancionados, decisão anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no dia anterior.

O país expressou repúdio à medida imediatamente após o anúncio. A vice-presidente Delcy Rodríguez divulgou um comunicado oficial na imprensa estatal da Venezuela.

Caracas sustenta que o bloqueio expõe as verdadeiras intenções do governo americano. “O presidente dos Estados Unidos pretende impor de maneira absolutamente irracional um suposto bloqueio militar naval à Venezuela com o objetivo de roubar as riquezas que pertencem à nossa Pátria”, afirmou o governo venezuelano.

A Venezuela indicou ainda que denunciará o caso e lutará por seus direitos, solicitando o apoio do povo estadunidense e de outras nações para rejeitar o que classificou como “essa ameaça extravagante”.

Trump anunciou a medida em uma publicação na rede social Truth Social, explicando que o governo venezuelano foi declarado pelos EUA como “organização terrorista estrangeira”. Ele justificou a ação com acusações de terrorismo, tráfico de drogas, contrabando e tráfico de pessoas.

“Pelo roubo de nossos ativos e por muitas outras razões, incluindo terrorismo, contrabando de drogas e tráfico de pessoas, o regime venezuelano foi designado como uma organização terrorista estrangeira. Portanto, ordeno um bloqueio total e completo de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela”, afirmou Trump.

A decisão veio uma semana após os EUA apreenderem um petroleiro na costa venezuelana, ação que já funcionava como um embargo informal. Desde então, navios com milhões de barris de petróleo permaneceram em águas venezuelanas para evitar serem apreendidos.

No dia anterior, a Venezuela denunciou ao Conselho de Segurança da ONU o “roubo” da embarcação. Os EUA justificam a apreensão com alegações de uso do navio em uma “rede ilegal de envio de petróleo que apoia organizações terroristas estrangeiras”. A Venezuela considerou a ação um “ato de pirataria naval”.

Ainda não houve esclarecimento sobre a forma prática do bloqueio, nem se o governo americano utilizará a Guarda Costeira ou forças militares para interceptar os navios. Nos últimos meses, os EUA deslocaram milhares de soldados e cerca de uma dúzia de navios de guerra à região, incluindo um porta-aviões.

Trump afirmou que a Venezuela está cercada por forças militares norte-americanas e, conforme reportagem da CNN, mencionou que o país está cercado pela “maior armada já reunida na história da América do Sul”, sugerindo ainda que o contingente pode aumentar.

O presidente dos EUA passou a classificar o governo de Nicolás Maduro como “regime ilegítimo” e acusou Caracas de usar as receitas do petróleo para financiar atividades ilícitas como tráfico de drogas, terrorismo, tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros.

O bloqueio ocorre em meio a operações militares dos EUA no Caribe. O governo Trump já realizou ataques a embarcações suspeitas na região, apontados oficialmente como ações contra o narcotráfico, e o presidente tem afirmado que ofensivas em solo venezuelano podem estar próximas.

A medida causou impacto imediato no mercado de petróleo: os contratos futuros do petróleo bruto dos EUA elevaram-se mais de 1% nas negociações asiáticas, alcançando US$ 55,96 (R$ 308,30) o barril, contra US$ 55,27 (R$ 304,50) do fechamento anterior, preço que estava no menor nível desde fevereiro de 2021.

Créditos: UOL Notícias

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