Venezuela rejeita lista de terrorismo dos EUA para suposto Cartel dos Sóis
A Venezuela repudiou, nesta segunda-feira, 24, a inclusão do chamado Cartel dos Sóis na lista de organizações terroristas dos Estados Unidos. O governo venezuelano declarou que o grupo narcotraficante acusado nem sequer existe e qualificou a ação como uma “mentira ridícula” usada para justificar uma intervenção externa.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela afirmou, por meio de comunicado, que rejeita firme e categoricamente a designação feita pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio, de um cartel inexistente como organização terrorista para legitimar uma intervenção ilegal no país.
Especialistas indicam que o termo “Cartel dos Sóis” representa mais uma rede descentralizada de grupos corruptos ligados ao narcotráfico dentro das Forças Armadas venezuelanas do que uma organização criminosa tradicional. Nicolás Maduro sempre negou envolvimento com o tráfico de drogas, e o governo rejeitou repetidamente a existência do cartel.
Anunciada em 16 de novembro, a designação feita por Rubio afirmou que o Cartel dos Sóis seria responsável por “violência terrorista por todo o hemisfério”. A inclusão oficial na lista entrou em vigor nesta segunda, possibilitando aos EUA exercer novas pressões sobre o governo de Maduro.
A designação permite que o presidente Donald Trump imponha sanções contra bens e infraestruturas ligadas ao regime. Juristas alertam que o uso de força letal não está autorizado explicitamente, mas autoridades americanas dizem que a classificação amplia as opções militares de Washington em relação à Venezuela.
Essa decisão ocorre com a concentração de uma dúzia de navios de guerra e 15 mil soldados americanos no Mar do Caribe, parte da “Operação Lança do Sul” do Pentágono. Os EUA já mataram pelo menos 83 pessoas em ataques a embarcações acusadas de transporte de drogas no Caribe e Pacífico Oriental.
Segundo a imprensa americana, Trump recebeu diversas opções de ação dentro da Venezuela, incluindo ataques a instalações militares e operações especiais da CIA, embora também exista a possibilidade de nenhuma ação ser tomada.
Oficialmente, a Casa Branca disse que busca reduzir o fluxo ilegal de imigrantes e drogas, mas as medidas tomadas indicam interesse na substituição do governo venezuelano. Um funcionário americano afirmou à CNN que Trump espera que a pressão forçará Maduro a renunciar sem necessidade de intervenção militar direta.
Em uma demonstração da escalada da tensão, na última quinta-feira, os EUA realizaram a maior exibição militar próxima à Venezuela, com pelo menos seis aeronaves sobrevoando a costa durante várias horas, incluindo caças e bombardeiros estratégicos.
No sábado 22, seis companhias aéreas americanas cancelaram voos à Venezuela por razões de segurança, após recomendação da Administração Federal de Aviação dos EUA para que aviões civis adotem cautela ao sobrevoar o espaço aéreo venezuelano, devido ao aumento da atividade militar na região.
Créditos: Veja Abril