Internacional
10:11

Venezuela rejeita plano dos EUA que classifica Cartel de Los Soles como grupo terrorista

O governo da Venezuela repudiou nesta segunda-feira (24) o que chamou de plano “ridículo” dos Estados Unidos de declarar o Cartel de Los Soles como uma organização terrorista. O regime de Nicolás Maduro também negou a existência do cartel de drogas, que Washington pretende oficialmente reconhecer como tal nas próximas horas.

No início do mês, o secretário Rubio anunciou que os EUA classificariam o Cartel de Los Soles como organização terrorista estrangeira devido ao suposto envolvimento do grupo no tráfico de drogas para os Estados Unidos. O governo Trump, que acusa Maduro de liderar o cartel, afirmou que essa designação abriria diversas opções para ações contra o grupo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, que em ocasiões anteriores negou planos de ataques na Venezuela, afirmou ainda que “todas as opções” permanecem em pauta. Trump, conhecido por mudanças de posicionamento, teve funcionários do seu governo dizendo à Reuters que uma nova fase operacional na Venezuela está prestes a ser lançada.

Desde setembro, os EUA reforçaram sua presença militar na região, enviando oito navios de guerra, caças F-35 e o porta-aviões USS Gerald Ford, que chegou às águas do Caribe recentemente.

A classificação oficial daria aos EUA a autoridade para atacar alvos vinculados a Maduro em território venezuelano. Na semana anterior, o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, declarou que a designação “oferece novas possibilidades para os Estados Unidos”.

O governo americano sustenta que a operação tem como foco exclusivo o combate ao narcotráfico. Desde o início das ações, as forças dos EUA realizaram pelo menos 21 ataques a barcos suspeitos de tráfico no Caribe e Pacífico, resultando na morte de 83 pessoas.

Contudo, as conclusões do governo norte-americano são questionadas por especialistas na área.

Apesar disso, existem indícios de que, mesmo sem ser o líder do cartel, Maduro seria um dos maiores beneficiários de uma “governança criminal híbrida” que ele teria ajudado a estabelecer no país.

Essa definição é fruto do trabalho de Jeremy McDermott, cofundador e codiretor do InSight Crime, uma organização dedicada ao estudo do crime organizado nas Américas e frequentemente consultada por veículos como The New York Times, The Washington Post e The Guardian.

Para McDermott, o Cartel de Los Soles não funciona como uma organização centralizada, diferente de cartéis conhecidos como o Sinaloa, de “El Chapo” Guzmán, ou o Medellín, de Pablo Escobar.

Maduro e seus aliados chavistas não controlam diretamente o tráfico, mas se beneficiam da comercialização da cocaína ao conceder privilégios a militares e aliados em troca de apoio político.

McDermott, que viveu e trabalhou em Medellín por 25 anos, relata que o nome “Cartel de los Soles” não foi escolhido pelos próprios membros, que provavelmente se identificam diferentemente. O termo surgiu em 1993 durante julgamentos de oficiais da divisão antidrogas acusados de envolvimento com o tráfico.

O nome refere-se às insígnias militares utilizadas pelos generais venezuelanos e passou a ser adotado para descrever as atividades ilícitas ligadas ao Estado, inclusive em acusações feitas pelo Departamento de Justiça dos EUA que mencionam Nicolás Maduro.

De fato, as origens do grupo são anteriores à eleição que colocou Hugo Chávez no poder, em 1999.

Créditos: g1

Modo Noturno