Rio Grande do Sul recebe antídoto fomepizol para intoxicação por metanol

O Rio Grande do Sul recebeu, nesta sexta-feira (10/10), o primeiro lote do antídoto fomepizol, que é utilizado para tratar intoxicações por metanol — uma substância tóxica encontrada em bebidas alcoólicas adulteradas.

Foram entregues 80 ampolas do medicamento ao estado, ampliando as ferramentas para o atendimento rápido e eficaz dos pacientes com suspeita de intoxicação. O envio foi feito pelo Ministério da Saúde como parte de uma ação emergencial para enfrentar casos suspeitos em diversas regiões do país.

No total, 1.500 ampolas estão sendo distribuídas a 11 estados que registraram ocorrências suspeitas ou confirmadas. Além disso, o Ministério da Saúde manterá um estoque estratégico com 1.100 ampolas, incluindo 100 frascos doados pelo fabricante. Os estados podem solicitar novas remessas conforme a necessidade e o surgimento ou aumento dos casos.

No Rio Grande do Sul, o lote ficará estocado no Centro de Informação Toxicológica (CIT), ligado à Secretaria da Saúde (SES), referência estadual para intoxicações. O CIT pode ser acionado pelo telefone 0800 721 3000 após identificação de casos suspeitos, oferecendo orientação especializada e apoio no manejo clínico imediato, conforme o fluxo de atendimento.

Conforme avaliação técnica, a SES poderá encaminhar o medicamento até o local de atendimento.

Tani Ranieri, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), explicou que a distribuição do medicamento aos hospitais dependerá da avaliação clínica de cada paciente feita pelos médicos do CIT. Um veículo da secretaria está disponível para entregar o medicamento rapidamente, inclusive no interior, se necessário.

Sobre o fomepizol: esse medicamento raro e de alto custo é usado em casos graves de intoxicação por metanol. Sua chegada ao Brasil foi possibilitada por uma negociação internacional com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Sistema Único de Saúde (SUS) já utiliza o etanol farmacêutico para tratar intoxicações inicialmente suspeitas. Com o novo antídoto, o SUS amplia sua capacidade de resposta frente à emergência sanitária.

O fomepizol, apresentado em ampolas de 1,5 mL com 1 g/mL da substância ativa, atua bloqueando a enzima álcool desidrogenase no fígado. Essa enzima converte o metanol em ácido fórmico, substância extremamente tóxica responsável por efeitos graves como cegueira, lesões cerebrais e morte.

Ao impedir essa transformação, o fomepizol previne que o metanol cause danos, permitindo sua eliminação segura pelo organismo. Esse mecanismo é chamado de inibição competitiva, pois o fomepizol interfere na ação do metanol.

O etanol farmacêutico também age bloqueando a transformação do metanol, ao competir com ele no organismo por meio de doses controladas, e seu uso é monitorado rigidamente. Em muitos casos, o tratamento é associado à hemodiálise para filtrar e eliminar o metanol do sangue.

No Rio Grande do Sul, até a tarde de quinta-feira (9/10), foi confirmado um caso de intoxicação por metanol em um homem de Porto Alegre que consumiu bebida alcoólica durante uma viagem a São Paulo.

Além disso, seis casos suspeitos estão em investigação em Bento Gonçalves, Torres, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Viamão e Porto Alegre — envolvendo também um paciente residente em Roraima.

Os principais sintomas da intoxicação por metanol podem aparecer entre 6 e 72 horas após a ingestão, incluindo cefaleia, tonturas, náuseas, vômitos e alterações visuais. Esses sinais podem ser confundidos com ressaca comum, dificultando a identificação precoce.

Por isso, ao apresentar qualquer sintoma após consumir bebida alcoólica, é fundamental procurar atendimento médico imediato.

É importante informar ao serviço de saúde o consumo da bebida e as circunstâncias para auxiliar no diagnóstico e tratamento.

Para evitar intoxicações, recomenda-se observar sinais que indiquem se a bebida pode estar adulterada ou falsificada, como aspecto, cheiro e procedência.

Texto: Ascom SES
Edição: Secom

Créditos: Estado RS