Saúde
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Bares de Porto Alegre relatam queda na venda de destilados após intoxicações por metanol

No sábado, 11 de outubro de 2025, em Porto Alegre, a temperatura estava em 24ºC e a cidade já apresentava mudanças no consumo de bebidas alcoólicas. O jornal Gauchazh visitou diversos bairros da capital na noite de quinta-feira, 9, e colheu relatos sobre o impacto de quase 30 casos de intoxicação por metanol registrados no país.

Empresários do setor de bares, conveniências e estabelecimentos de bebidas alcoólicas destacaram ruas mais vazias, redução das vendas de drinques e destilados, além do medo dos consumidores. Conforme observado, clientes passaram a preferir cerveja e chope, evitando destilados quando possível.

O advogado André Soares, de 46 anos, afirmou que deixou de consumir destilados por considerar o risco maior, optando por cervejas lacradas e enlatadas. Outro relato veio do doutorando em filosofia Danrlei Lopes Souza, de 30 anos, que estava em Porto Alegre e preferia cervejas, mesmo não considerando preocupantes os números locais, diferente do que seria em São Paulo.

A geógrafa Isabela Mello, 31 anos, expressou apreensão diante da origem desconhecida das bebidas que causaram intoxicações. Ela comentou que a incerteza faz com que momentos de lazer tragam estranheza e nervosismo, temendo que a bebida esteja adulterada e possa causar problemas de saúde.

Embora entidades como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e o Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre (Sindha) ainda não tenham dados consolidados sobre o impacto do metanol, comerciantes já sentem os efeitos.

Joal Antônio da Silva, 57 anos, dono do bar Janela na Cidade Baixa, percebeu queda de quase 50% do público e redução de 80% na venda de destilados nas últimas semanas. Ele destacou que, normalmente, às sextas e sábados, o bar é muito movimentado, mas recentemente houve calma incomum.

No Sul Beer, na Rua Joaquim Nabuco, a venda de destilados caiu cerca de 40%, enquanto a de cervejas e chopes aumentou no mesmo período. O gerente Eduardo Verçosa, de 19 anos, confirmou esse comportamento dos clientes devido à preocupação com o metanol.

Para reconquistar a confiança, os estabelecimentos estão mostrando garrafas e notas fiscais de compra para comprovar a procedência dos produtos. No bar Janela, os clientes até brincam sobre o risco, mas a equipe busca sempre transmitir segurança ao exibir os selos e fabricantes nas garrafas.

Para apoiar o setor, a Abrasel, em parceria com a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas e a Associação Brasileira de Bebidas, oferece um treinamento online gratuito, com cerca de uma hora de duração, sobre como identificar bebidas falsificadas. Cerca de dez mil pessoas participaram nos dois primeiros dias. As aulas ocorrem diariamente às 10h e às 15h e fornecem orientações práticas, como atenção ao estado das garrafas e rótulos e alerta para qualquer alteração suspeita.

Créditos: Gauchazh

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