Venezuela pede à ONU que declare ilegais ataques dos EUA a embarcações

A Venezuela solicitou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que reconheça como ilegais os ataques realizados pelas forças dos Estados Unidos contra embarcações próximas à costa venezuelana, e que emita uma declaração em defesa da soberania do país, conforme carta obtida pela Reuters nesta quinta-feira (16).

Os ataques foram autorizados pelo presidente Donald Trump como parte de uma operação militar destinada a combater o narcoterrorismo, segundo o governo americano. Desde o início, houve pelo menos cinco bombardeios contra embarcações supostamente transportando drogas.

Embora a Venezuela tenha feito esse pedido, é improvável que o Conselho de Segurança tome medidas concretas, dado que os EUA detêm poder de veto. O órgão analisou o assunto pela primeira vez na semana passada, após solicitação da Venezuela, Rússia e China.

O governo dos EUA não apresentou provas de que as pessoas atingidas nas operações estivessem envolvidas em atos ilegais, e críticos afirmam que essas ações fazem parte de uma estratégia para pressionar o governo de Nicolás Maduro.

Na carta enviada na quarta-feira (15), o embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, acusou os EUA de terem causado a morte de pelo menos 27 pessoas em ataques a “embarcações civis em águas internacionais”. Ele pediu que o Conselho investigue os bombardeios para verificar seu caráter ilegal e aprove uma declaração reafirmando “o princípio do respeito irrestrito à soberania, independência política e integridade territorial dos Estados”, incluindo a Venezuela.

O documento foi enviado logo após Trump anunciar que autorizou a CIA a realizar operações secretas e letais dentro da Venezuela com o objetivo de derrubar Maduro.

Em Caracas, Maduro denunciou que, embora a CIA tenha um histórico de golpes em vários países, “nunca antes um governo havia declarado publicamente ordens para a agência matar, derrubar e destruir nações”.

O presidente venezuelano acusou a agência americana de estar autorizada a realizar operações que ameaçam a paz no país. Ele acrescentou que o povo venezuelano está “consciente, unido e preparado” para derrotar essa conspiração contra a estabilidade da Venezuela.

O embaixador americano na ONU, Mike Waltz, declarou que Trump continuará utilizando inteligência, defesa e diplomacia para defender a soberania dos EUA contra ações que prejudiquem americanos, referindo-se ao impacto das drogas na população.

Em entrevista à Fox News, Waltz respondeu às críticas venezuelanas afirmando que a Venezuela pode apresentar suas queixas na ONU, mas que o artigo 51 da carta da ONU permite que países se defendam, o que, segundo ele, o presidente Trump está fazendo e pretende continuar fazendo.

Créditos: Folha de S.Paulo