Casos de intoxicação por metanol afastam público dos bares em São Paulo
Bernardo Vale, engenheiro de 35 anos, comentou sobre os casos recentes de intoxicação por metanol, afirmando que não deixará de viver por conta disso. Ele e colegas frequentavam um bar na Vila Madalena, bairro conhecido pela vida noturna em São Paulo, numa quinta-feira, tradicionalmente agitada para happy hours.
A reportagem visitou o local e zonas próximas, como Barra Funda e Santa Cecília, durante o dia com maior movimento nos estabelecimentos, que foi baixado possivelmente devido aos casos de intoxicação.
Muitos consumidores optam por cervejas e vinhos, que até o momento não apresentaram casos de contaminação, afastando os destilados e drinques. Alguns afirmaram que consideraram o uso de drogas caso a situação piorasse.
O movimento nos bares está abaixo do normal, atribuído também ao clima mais frio e início do mês, mas a maioria concorda que as notícias sobre intoxicações evitaram a ida do público.
Bernardo destacou a importância de uma fiscalização eficiente para punir responsáveis e evitar novas ocorrências, ressaltando que viver com medo não é solução.
O Ministério da Saúde confirmou uma morte por intoxicação por metanol e investiga sete outros casos, sendo cinco em São Paulo e dois em Pernambuco.
Foram notificadas 59 suspeitas de contaminação por metanol após consumo de bebida alcoólica em São Paulo, Pernambuco e Distrito Federal; 11 casos foram confirmados e 48 estão em análise, incluído o óbito.
Normalmente, o Brasil registra cerca de 20 intoxicações por metanol anualmente, geralmente relacionadas a suicídios ou consumo de combustível por pessoas em situação de vulnerabilidade.
A professora Emanuelle Braga, 28 anos, relatou que após as primeiras notícias, buscou identificar quais bebidas e locais seriam seguros. Como consome vinho, não considerou necessário parar de beber.
O psicólogo Gabriel Miranda, 25, inicialmente preocupado, resolveu evitar drinques após pesquisar sobre o tema.
Catarina Ortiz, 26, também optou por vinho e cerveja, evitando destilados.
Esses consumidores estavam em um bar especializado em vinhos no bairro Bela Vista quando conversaram com a reportagem.
Regiane de Paula, da Secretaria de Saúde do Estado, informou que as contaminações ocorreram principalmente em destilados como gin, aguardente e whisky; cervejas e vinhos não apresentaram riscos até então.
Ela esclareceu que proprietários devem garantir a procedência das bebidas, comprando com nota fiscal e desconfiando de preços muito baixos.
Alertou para sinais de intoxicação, como dor de cabeça forte, cansaço, dor abdominal e sonolência, recomendando busca imediata de atendimento e lembrando que há antídoto eficaz nas primeiras 12 a 24 horas.
A professora Marina Rocha, 27, afirmou que não teria problema em se abster de beber caso a contaminação se estendesse para cervejas.
Até o momento, proprietários de bares e restaurantes relataram não ter recebido informações oficiais da vigilância sanitária, apesar do empenho em conscientizar a população.
Tiago Santos, dono do Cabaret Santa Cecília, afirmou acompanhar o tema por meio da imprensa e redes sociais, e demonstrou preocupação com o impacto nas vendas, já que depende de drinques para manter a programação e equipe.
Caique Lima, responsável pelos drinques de outro bar na região, notou queda no consumo de drinques e planeja divulgar vídeo para informar e tranquilizar clientes.
Ele sugeriu que a Vigilância Sanitária crie um selo para certificar estabelecimentos que comprovem procedência e controle rigoroso, valorizando a confiança dos consumidores.
Esta medida serviria para indicar visualmente que um local está livre de bebidas adulteradas, aumentando a segurança para o público.
Créditos: Folha de S.Paulo