São Paulo registra 25 casos confirmados de intoxicação por metanol
São Paulo confirmou 25 casos de intoxicação por metanol, segundo o boletim da Secretaria de Estado da Saúde divulgado na sexta-feira (10). Além disso, há 160 casos ainda em investigação.
O estado paulista é o principal foco dos casos no país. Conforme o Ministério da Saúde, o Brasil totaliza 29 confirmações: além das 25 em São Paulo, há três no Paraná e uma no Rio Grande do Sul.
O número de suspeitas descartadas pelo governo de São Paulo subiu para 189, com 37 exclusões após análises clínicas e epidemiológicas. O total de mortes confirmadas permanece em cinco, e seis óbitos estão sob investigação.
Outros estados com casos sob análise são: Pernambuco (31), Rio Grande do Sul (4), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (4), Rio de Janeiro (3), Espírito Santo (3), Goiás (2), Alagoas (1), Bahia (1), Ceará (1), Minas Gerais (1), Rio Grande do Norte (1) e Rondônia (1). Os óbitos em investigação foram registrados em São Paulo (6), Ceará (1), Minas Gerais (1), Mato Grosso do Sul (3) e Pernambuco (3).
As informações do Ministério da Saúde são consolidadas pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (Cievs), que confirma os casos com a detecção de metanol em exames laboratoriais.
Na sexta-feira, a polícia desativou uma fábrica clandestina em São Bernardo do Campo que produzia bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, substância tóxica usada na indústria.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, o grupo criminoso comprava metanol em postos de combustível, onde era vendido como etanol adulterado, e o utilizava para falsificar bebidas destiladas como vodca e uísque.
A operação que resultou na descoberta da fábrica foi motivada pela morte de duas pessoas intoxicadas após consumo das bebidas adulteradas no Bar Torres, na Mooca, que era abastecido por uma distribuidora ligada à fábrica clandestina. O bar e a fábrica foram interditados.
Na quinta-feira (9), ocorreram duas prisões em São Paulo relacionadas à operação contra bebidas adulteradas. Em São José dos Campos, um homem foi detido por fabricar e rotular bebidas ilegalmente em um depósito, e em Cajamar outro homem foi preso durante busca em uma adega, onde foram apreendidas cerca de 915 garrafas com indícios de falsificação.
O secretário Derrite afirmou que não há evidências de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) na adulteração das bebidas, apesar de suspeitas levantadas pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que considerou possível a participação do crime organizado.
Desde 29 de setembro, mais de 20 mil garrafas de bebidas, 480 mil rótulos e 113 mil recipientes vazios foram apreendidos, e 49 pessoas foram presas, das quais 28 em operações recentes.
A Secretaria de Saúde de São Paulo informou que o próximo balanço será divulgado na segunda-feira (13), junto com o novo boletim do Ministério da Saúde.
Na quinta-feira (9), o Brasil recebeu 2.500 ampolas de fomepizol, antídoto para intoxicações por metanol, adquirido pelo Ministério da Saúde. Até então, o medicamento não estava disponível no país.
O SUS está abastecido com etanol farmacêutico, usado no tratamento das intoxicações. Esse produto bloqueia a transformação do metanol em ácido fórmico, embora cause embriaguez. O fomepizol tem efeito semelhante com menos riscos de efeitos adversos.
As autoridades recomendam evitar o consumo de bebidas destiladas sem procedência conhecida. Quem apresentar sintomas incomuns após ingerir álcool deve buscar atendimento médico urgente, realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.
Sintomas da intoxicação por metanol incluem dores abdominais intensas, tontura e confusão mental. O atendimento nas primeiras seis horas é crucial para prevenir agravamentos.
Créditos: Folha de S.Paulo