Saúde
14:06

Universidades brasileiras desenvolvem testes para identificar metanol em bebidas alcoólicas

A adulteração por metanol em bebidas alcoólicas não altera o cheiro ou sabor, por isso só pode ser detectada por testes laboratoriais. Pesquisas de universidades públicas brasileiras ampliam as formas de identificar essa substância.

O Ministério da Saúde confirmou que existem pelo menos 113 registros de contaminação por metanol, com 11 casos confirmados e 102 em investigação.

Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear oferece exame gratuito para analisar bebidas alcoólicas, mediante agendamento. O vice coordenador do laboratório, professor Kahlil Salome, explica que o equipamento funciona de maneira similar a exames médicos. A análise é rápida, levando cerca de cinco minutos por amostra de 0,5 ml.

Ao colocar a bebida na máquina, um gráfico é gerado com diversas linhas, sendo uma delas indicativa da presença do metanol. O teste funciona mesmo em bebidas que contenham corantes ou frutas, detectando níveis considerados inadequados para consumo, como 10 microlitros de metanol em 100 ml de cachaça, vodka ou tequila.

O professor destaca que a universidade pública contribui com a sociedade mesmo em crises, ressaltando que outras universidades federais possuem laboratórios similares para esse tipo de exame.

Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), pesquisadores do Instituto de Química desenvolveram em 2022 um método para identificar adulterações em bebidas destiladas. Esse método, patenteado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), envolve a adição de um sal que transforma o metanol em formol e um ácido que altera a cor da solução, processo que leva cerca de 15 minutos.

Na Universidade de Brasília (UnB), desde 2013, houve a criação de um exame baseado em reagentes, que agora é comercializado pela startup Macofren, fundada a partir de um projeto do Laboratório de Materiais e Combustíveis. Esse kit, vendido a cerca de R$ 50, permite testes rápidos com 1 ml da bebida, e seu uso se ampliou bastante devido à crise atual.

O químico Arilson Onésio Ferreira, responsável pela iniciativa, alerta que doses de 30 ml de metanol são letais e que a diversidade de formulações nas bebidas, incluindo corantes e açúcares, dificulta a análise, podendo causar falso positivo, mas o falso negativo não pode ocorrer.

Desde o início da crise, a demanda pelo teste aumentou bastante, com cerca de 200 empresas aguardando atendimento, incluindo organizadores de eventos como casamentos.

Créditos: Agência Brasil

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