Internacional
20:09

Zelensky recebe plano dos EUA para encerrar guerra e deve falar com Trump

O presidente Volodymyr Zelensky recebeu um esboço de um novo plano apoiado pelos Estados Unidos para encerrar a guerra com a Rússia e espera manter conversas com o presidente Donald Trump nos próximos dias, informou o escritório da presidência na quinta-feira (20).

Na quarta-feira (19), duas fontes disseram à Reuters que Washington indicou a Zelensky que Kiev deveria aceitar o quadro criado pelos EUA para finalizar o conflito de quase quatro anos.

Países europeus se mostraram contrários ao plano, que, conforme fontes, exigiria que a Ucrânia ceda mais território e realize um desarmamento parcial, condições vistas há muito tempo pelos aliados ucranianos como uma capitulação.

“Estamos prontos agora, assim como antes, para trabalhar de forma construtiva com os americanos, assim como com nossos parceiros na Europa e no mundo, para que o resultado seja a paz”, afirmou o escritório de Zelensky em comunicado no Telegram.

As conversas de Zelensky com Trump abordarão os “pontos-chave necessários para alcançar a paz”, acrescentou.

“O presidente da Ucrânia apresentou os princípios fundamentais que são importantes para nosso povo, e, após a reunião de hoje, as partes concordaram em elaborar as disposições do plano de modo a alcançar um fim justo para a guerra.”

Em março, Trump e Zelensky tiveram um confronto durante um encontro na Casa Branca considerado desastroso para o líder ucraniano, mas as conversas foram mais calmas em visitas posteriores de Zelensky.

A diplomacia dos EUA se intensifica em um momento delicado para Kiev, com suas tropas em desvantagem no campo de batalha e o governo de Zelensky enfraquecido por um escândalo de corrupção, que resultou na demissão de dois ministros pelo Parlamento na quarta-feira.

Sobre o tema, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que “não há um processo de consultas em andamento”, apenas contatos, e que a Rússia não tem nada a acrescentar além da posição apresentada pelo presidente Vladimir Putin em uma cúpula com Trump, em agosto.

Peskov enfatizou que qualquer acordo de paz deve tratar das “causas fundamentais do conflito”, expressão usada por Moscou para suas exigências.

Com a aproximação do inverno na guerra que já dura quase quatro anos, tropas russas ocupam quase um quinto da Ucrânia e estão próximas de capturar a primeira cidade significativa em quase dois anos: o centro ferroviário oriental de Pokrovsk, que está em ruínas.

Vídeos divulgados pelo Ministério da Defesa da Rússia na quinta-feira mostraram tropas patrulhando livremente as ruas desertas e prédios queimados no sul de Pokrovsk.

Ministros das Relações Exteriores da União Europeia, reunidos em Bruxelas, não comentaram detalhes sobre o plano dos EUA, ainda não divulgado publicamente, mas indicaram que rejeitam exigências para que Kiev faça concessões punitivas.

Jean-Noel Barrot, ministro francês das Relações Exteriores, afirmou que “os ucranianos querem paz — uma paz justa que respeite a soberania de todos, uma paz duradoura que impeça futuras agressões”. Ele acrescentou que “paz não pode ser capitulação”.

Johann Wadephul, ministro das Relações Exteriores da Alemanha, declarou que o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, durante ligação telefônica na quinta-feira, ressaltou “a importância da estreita coordenação com Alemanha e parceiros europeus” nas negociações para término do conflito.

A Casa Branca não comentou as propostas relatadas. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou no X que Washington “continuará a desenvolver ideias para acabar com essa guerra com base nas contribuições de ambos os lados”.

“Alcançar uma paz duradoura exigirá concessões difíceis, porém necessárias, de ambas as partes”, declarou Rubio.

Uma delegação do Exército dos EUA, liderada pelo secretário do Exército Dan Driscoll e pelo chefe do Estado-Maior Randy George, esteve em Kiev e se reuniu com Zelensky no final da quinta-feira.

Eles se encontraram com o comandante militar-chefe da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi, na noite de quarta-feira. Syrskyi afirmou que a melhor forma de garantir uma paz justa é defender o espaço aéreo ucraniano, ampliar a capacidade de ataques profundos contra a Rússia e estabilizar a linha de frente.

Créditos: CNN Brasil

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