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Após falhas em sistema, MEC prorroga prazo para as convocações da lista de espera do Fies

O Ministério da Educação (MEC) anunciou nesta sexta-feira (26) que prorrogou até 17 de maio o prazo para as convocações da lista de espera do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) do primeiro semestre de 2024.

A decisão foi anunciada após reclamações de estudantes, que alegam que erros do Ministério da Educação (MEC) no processo seletivo estão atrapalhando a convocação de novos alunos na lista de espera.

Os estudantes — que disputam mais de 67 mil vagas para fechar contratos de empréstimo e pagar a graduação — relatam falhas técnicas, demora excessiva na fila de espera e outros problemas que, na visão deles, exigiriam uma ampliação do prazo de inscrições.

Em resumo, as queixas do estudantes são as seguintes:

O sistema eletrônico pelo qual os estudantes enviam os documentos na matrícula tem problemas técnicos desde o início do processo, atrasando todas as etapas seguintes;

As listas de espera não estão “rodando” no ritmo esperado, por isso, milhares de alunos que não foram aprovados na 1ª chamada aguardam a convocação;

A mesma pessoa está sendo aprovada em mais de uma opção de curso (algo vetado pelo edital do Fies);

O prazo final do Fies termina em 30 de abril e, mesmo com as falhas relatadas acima, a pasta afirma que “não vislumbra possibilidades de prorrogação”.
Além disso:

O edital do Fies 2024 foi publicado apenas em 7 de março, quase dois meses após a divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — em 2023, o documento saiu em 27 de janeiro, antes das notas da prova.

As inscrições do Fies terminaram em 18 de março, após algumas universidades já terem iniciado o ano letivo. Isso fez com que os aprovados, que ainda teriam todo o trâmite da pré-aprovação e da matrícula, perdessem as primeiras semanas de aula.

Abaixo, entenda os detalhes dos problemas:

Problema 1: sistema de entrega de documentos com falhas
Os alunos que foram pré-selecionados na 1ª chamada (divulgada em 28 de março) tinham de enviar, como é de praxe, uma série de documentos para a universidade. O sistema eletrônico usado pelas instituições de ensino, no entanto, apresentou problemas técnicos e atrasou esse processo.

Por isso, o MEC aumentou o prazo para a etapa de conferência de dados pessoais. Segundo relatos enviados à reportagem, mesmo assim, as falhas não foram corrigidas e continuam atrasando as matrículas.

“O sistema de acesso das faculdades oscilou muito, falhou e comprometeu os prazos. Foi uma correria gigante [desde o início]”, explica Rogério*, coordenador de bolsas e financiamento de uma instituição de ensino privada.

“É comum termos intercorrências no Fies, mas, neste ano, foram muitas mudanças [nas regras do programa] em pouco de espaço de tempo. É como trocar o pneu com o carro andando”, diz.

Problema 2: a lista de espera não está ‘rodando’
Acontece, então, um efeito cascata:

Quando um candidato que passou na 1ª chamada não efetiva a matrícula ou não entrega os documentos a tempo, a vaga é transferida para a lista de espera (todos os reprovados disputam essa segunda chance). Em geral, a lista “roda” várias vezes, e novos alunos vão sendo convocados. O período para essa “repescagem”, segundo o edital, vai de 28 de março a 30 de abril.

No entanto, jovens ouvidos pelo g1 afirmam que a lista de espera não está “rodando” como em anos anteriores. A primeira saiu em 28 de março, como era previsto, mas a segunda só foi divulgada em 18 de abril. Desde então, afirmam os estudantes, nenhum outro nome foi convocado.

Provavelmente, o que explica essa lentidão é justamente o problema no sistema de entrega dos documentos.

Forma-se um ciclo: os candidatos pré-selecionados não conseguem completar a matrícula -> o MEC prorroga o prazo para esses alunos entregarem os documentos –> as vagas ficam “represadas” e não são liberadas para as listas de espera.

g1

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil