Trump pressiona Netanyahu e acelera cessar-fogo entre Israel e Hamas, diz Raquel Landim
A mudança no curso do conflito entre Israel e Hamas só ocorreu após a intervenção direta de Donald Trump sobre Benjamin Netanyahu, analisa a colunista Raquel Landim no UOL.
De acordo com Landim, a relação entre Trump e Netanyahu começou com concessões mútuas, mas alterou-se após um momento crucial nas negociações de paz. O acordo, mediado pelos Estados Unidos, levou ao primeiro cessar-fogo e à troca de reféns, deixando Netanyahu em uma posição delicada frente à sua base política.
“A relação entre Trump e Netanyahu foi curiosa. Quando Trump assumiu a presidência, Netanyahu recebeu diversos favorecimentos. Trump tomou partido claro de Israel, adotando medidas que beneficiaram o país e fizeram Netanyahu sentir-se mais confortável para prosseguir com os ataques. Os reféns, que antes eram utilizados pelo Hamas como um meio para conter a agressividade israelense, tornaram-se uma justificativa para que Israel intensificasse seus ataques, ultrapassando qualquer limite razoável de retaliação”, explicou Raquel Landim.
O momento de virada ocorreu em setembro do ano anterior, quando Trump começou a mediar um acordo de paz. Durante negociações no Catar, as forças israelenses mataram representantes do Hamas presentes no país. Para Trump, esse foi um ato inaceitável, violando as leis internacionais que regulam conflitos armados.
Em resposta, Trump adotou uma postura inédita contra Netanyahu, impondo condições e humilhações públicas para impulsionar as negociações.
“Em outubro do ano passado, Netanyahu foi convocado à Casa Branca para uma repreensão formal. Trump o obrigou a telefonar ao emir do Catar e ler um pedido de desculpas elaborado pela Casa Branca. Foi um momento humilhante para Netanyahu, quando Trump estabeleceu um limite e pressionou-o firmemente para avançar rumo ao cessar-fogo”, relatou Landim.
A colunista ressalta que a intensificação da pressão por parte de Trump deixou Netanyahu acuado e acelerou o acordo, apesar da resistência do primeiro-ministro israelense.
“Esse é um momento crucial no qual Trump aumentou a pressão, colocando Netanyahu encurralado. Netanyahu resistia ao acordo, pois a guerra era fundamental para sua permanência no poder, especialmente num momento em que ele se encontra político delicado, precisando da justificativa da guerra para garantir sua continuidade no governo”, concluiu Raquel Landim.
Créditos: UOL